Ok, admito que a parte musical de “Se eu ficar” (2014)
pareceu muito simpática para mim. Boa parte da trilha sonora é tomada por canções
de punk rock e do circuito underground/alternativo norte-americano. Dá vontade
realmente de comprar a trilha sonora. Além disso, a música tem um papel
importante na narrativa, tanto no desenvolvimento de situações e personagens
quanto nas referências e citações de diálogos e mesmo detalhes da direção de
arte. Por outro lado, vejamos dois detalhes da trama: Denny (Joshua Leonard),
pai da protagonista Mia (Cloë Grace Moretz), era baterista de uma banda punk
rock local e largou o grupo para poder cuidar melhor da família. Já Adam (Jamie
Blackley), namorado da garota, dá a entender no final do filme que desistirá
dos planos de sua banda em ascensão no circuito independente para acompanhar
Mia em Nova York, onde ela estudará violoncelo clássico. A simbologia é bem
clara: o rock, por melhor que seja, sempre acaba se submetendo aos ditames
conservadores das vidas dos personagens. Na realidade, o detalhe música em “Se
eu ficar” acaba se configurando apenas como um adereço a dar um certo e pretenso
verniz de autenticidade a uma produção rotineira e água com açúcar destinada a
levar às lágrimas uma plateia de garotas românticas e pouco exigentes. A patética
atuação de Cloë Grace Moretz é que acaba sendo a síntese mais precisa do espírito
da obra – artificiosa, formulaica e destituída de qualquer espécie de vigor.
Agora se o teu negócio é ver alguma produção que tenha o rock visceral como
pano de fundo e que traga estética e temática que estejam em sintonia
existencial com tal trilha sonora, veja correndo a obra-prima “Scott Pilgrim
contra o mundo” (2010). Tem muito mais sangue nas veias do que esse bundinha “Se
eu ficar”.
Um comentário:
O trabalho do Joshua Leonard sempre me pareceu muito bom em comédia, espero que sua nova série que sai em janeiro pela HBO é tão bom.
Postar um comentário