A temática que se insinua sutilmente na trama de “A doença
do sono” (2011) tem uma forte recorrência não só na história do cinema quanto
na própria cultura ocidental: a estranha relação de atração e repulsa entre o
homem e a natureza. Na obra em questão, a formatação proposta pelo diretor alemão
Ulrich Köhler é rigorosa na concepção e execução – não há trilha sonora, o
estilo de filmar é seco e naturalista, os diálogos são econômicos e carregados
de um subtexto cortante, as interpretações e caracterizações do elenco variam
de forma notável entre a contenção dramática e a emoção pungente. Tal abordagem
estética do filme por vezes até sugere um certo distanciamento emocional. Mas
isso é apenas uma engenhosa forma para que a produção não descambe para soluções
fáceis sentimentais. Com o desenvolvimento da trama, a tensão dramática vai
ficando sufocante. O retrato que se faz da natureza bruta da África pode por
vezes deslumbrar pelo belo registro visual de cenários verdejantes e exóticos,
mas também revela uma perspectiva de medo e opressão perante aquilo que é
desconhecido. A atmosfera de mistério que se original dos dilemas existenciais
do roteiro é a tônica principal na narrativa de “A doença do sono” e que lhe dá
um mórbido fascínio de sombrio conto moral.
Um comentário:
Boa dica
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