A diretora Renata Pinheiro foi colaboradora em alguns dos
principais filmes do recente cinema pernambucano, como “A erva do rato” (2011) e
“Tatuagem” (2013). Essa experiência prévia fica evidente em seu longa de estréia,
“Amor, plástico e barulho” (2013) – tal obra se mostra em sintonia existencial
e artística com os trabalhos citados. E no que consiste essa relação? Em termos
estéticos, é o uso de um formalismo audacioso e sem medo de afrontar os limites
do bom gosto, enquanto a parte temática versa sobre o questionamento da moral
pequeno burguesa e a valorização de elementos culturais populares. Na produção
dirigida por Renata, essa conjunção fica patente em alguns elementos
fascinantes: a direção de arte criativa e esfuziante que gera um sensorialismo
atordoante e por vezes encantador, a constante atmosfera hedonista que varia
entre o sórdido e o ingênuo, o senso imagético marcante em algumas cenas (com
destaque para a ambientação lânguida e perversa na sequência de abertura, o
melancólico número musical do ensaio de uma apresentação e a passagem onírica
dentro de um ônibus), a marcante trilha sonora misturando bagaceirismo e
modernidade. Por outro lado, Pinheiro não tem a mesma classe de Cláudio Assis e
Hilton Lacerda para manter uma narrativa equilibrada e fluente. Ainda sim, “Amor,
plástico e barulho” honra a tradição recente cinematográfica de Pernambuco ao
se configurar como uma obra incômoda, ousada e vivaz.
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