Há um conflito interessante dentro da trama de “O último
concerto” (2012) – numa discussão entre o primeiro violinista Daniel (Mark
Ivanir) e o segundo violinista Robert (Phillip Seymour Hoffman), este último
questiona o procedimento de se fazer, por parte do quarteto de cordas ao qual
pertencem, interpretações rígidas com base em partituras marcadas de uma
determinada obra de Beethoven. Robert defende uma abordagem mais livre e espontânea
na interpretação do quarteto ao invés de previsibilidade e assepsia confortáveis
ao qual o grupo se acostumou. Tal conflito ganha um caráter simbólico diante
das agruras que cada um dos membros do quarteto sofrem em suas vidas pessoais.
Se essa premissa temática parece ambiciosa e promissora, o resultado final se
revela bem distante de tais expectativas. A abordagem do diretor Yaron
Zilberman se mostra mais em sintonia com aquilo que o personagem Daniel deseja
para a sua arte, ou seja, eficiente no seu formalismo correto, mas sem grandes
arroubos criativos e de uma estética fria e despersonalizada. Mesmo o aparente
cerebralismo e elegância de sua condução narrativa e concepção visual na
realidade escondem simplificações e soluções superficiais para os dilemas mais
complexos do roteiro. Diante de tais equívocos, faz pensar que o próprio
Zilberman não entendeu direito o sentido de algumas das sutilezas da trama de “O
último concerto”.
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