quinta-feira, fevereiro 26, 2015

O último concerto, de Yaron Zilberman **


Há um conflito interessante dentro da trama de “O último concerto” (2012) – numa discussão entre o primeiro violinista Daniel (Mark Ivanir) e o segundo violinista Robert (Phillip Seymour Hoffman), este último questiona o procedimento de se fazer, por parte do quarteto de cordas ao qual pertencem, interpretações rígidas com base em partituras marcadas de uma determinada obra de Beethoven. Robert defende uma abordagem mais livre e espontânea na interpretação do quarteto ao invés de previsibilidade e assepsia confortáveis ao qual o grupo se acostumou. Tal conflito ganha um caráter simbólico diante das agruras que cada um dos membros do quarteto sofrem em suas vidas pessoais. Se essa premissa temática parece ambiciosa e promissora, o resultado final se revela bem distante de tais expectativas. A abordagem do diretor Yaron Zilberman se mostra mais em sintonia com aquilo que o personagem Daniel deseja para a sua arte, ou seja, eficiente no seu formalismo correto, mas sem grandes arroubos criativos e de uma estética fria e despersonalizada. Mesmo o aparente cerebralismo e elegância de sua condução narrativa e concepção visual na realidade escondem simplificações e soluções superficiais para os dilemas mais complexos do roteiro. Diante de tais equívocos, faz pensar que o próprio Zilberman não entendeu direito o sentido de algumas das sutilezas da trama de “O último concerto”.

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