Confesso que é quase irresistível escrever sobre “Caminhos
da floresta” (2014) e mencionar “Sweeney Todd – O Barbeiro demoníaco da Rua
Fleet” (2007), outra produção que também adaptava um musical do Broadway de
autoria de Stephen Sondheim para o cinema. No filme de Tim Burton, havia a
preocupação em manter a fidelidade com os temas musicais e o roteiro original
da produção teatral, mas sem que com isso se sacrificasse a dinâmica e a
linguagem cinematográficas, preservando ainda a marca autoral inerente ao
diretor. O resultado foi um dos melhores filmes de Burton. Já nessa obra mais
recente, a transposição não se opera sobre uma equação tão precisa. Os temas
musicais são marcantes e dá para perceber que o subtexto do roteiro tem contundência
dramática e simbologia notáveis no caráter transgressivo com que revê os clichês
básicos dos clássicos contos de fada. Esses aspectos positivos não encontram
ressonância, entretanto, no formalismo convencional do diretor Rob Marshall. O
ritmo narrativo se mostra por vezes truncado e enfadonho e a encenação é um
tanto afetada e sem vigor, fruto provável da dificuldade em formatar a
dramaturgia original dentro de uma linguagem cinematográfica.
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