terça-feira, fevereiro 10, 2015

O homem mais procurado, de Anton Corbjin **


No plano teórico, “O homem mais procurado” (2014) tinha tudo para ser um ótimo filme: direção de Anton Corbijn (que já tinha se dado muito bem no gênero “thriller de suspense” com o extraordinário “Um homem misterioso”), uma trama baseada em romance de John Le Carré (escritor que teve algumas ótimas adaptações de seus livros para o cinema como “O alfaiate do Panamá” e “O espião que sabia demais”), Phillip Seymour Hoffman atuando como protagonista. Tal conjunção de elementos promissores, entretanto, não resultou em um produto final memorável. A encenação concebida por Corbijn é tediosa e previsível, não trazendo aquela particular atmosfera densa e sombria de seus filmes anteriores. Personagens e situações se desenvolvem de forma mecânica e pouco natural – parece que a preocupação do diretor ficou apenas em emular os clichês mais básicos dos filmes de espionagem sem grandes convicções. E o próprio roteiro não ajuda no quesito tensão, não causando aquelas sensações de empatia e expectativa necessárias para esse tipo de produção. Há detalhes novelescos que revelam um grau de superficialidade e inverossimilhança incômodas: o que dizer da mocinha advogada que se apaixona pelo suspeito de terrorismo? Ou o veterano chefe de um grupo de espiões que se deixa enganar das formas mais ingênuas possíveis? Coroando todos esses equívocos, há a atuação estilo “piloto automático” de Hoffman que já dá alguns indícios que as coisas realmente não iam muito bem com ele. Mas não é nele que está o grande ponto negativo do elenco: Rachel McAdams é uma atriz bonita e simpática que até funciona em comédias românticas e afins; em obras de maior densidade dramática, ela simplesmente se torna inexpressiva.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Eu gostei e a temática me lembrou muito a série de tv Homeland