quinta-feira, fevereiro 05, 2015

Nascidos em bordéis, de Ross Kauffman e Zana Briski **1/2


Dentro do gênero “documentário sociológico”, “Nascidos em bordéis” (2004) não chega a ser exatamente um grande marco estético. A abordagem formal dos diretores Ross Kauffman e Zana Briski é apenas correta, não apresentando grandes ousadias em sua estrutura narrativa. Por outro lado, é provável que a intenção principal dos realizadores não estivesse concentrada no campo artístico – afinal, a própria Briski é uma “personagem” constante em cena, tendo uma relação emocional direta com as crianças e adolescentes indianos que são os protagonistas do filme. A real preocupação dela está na denúncia das condições degradantes em que aqueles indivíduos se encontram e também na procura de alguma solução para tal problema. Nesse sentido, o estilo de filmar presente no documentário acaba sendo um complemento adequado para tais intenções – o registro da obra por vezes é seco e contundente aos expor cenários, situações e pessoas de um ambiente miserável e sem perspectivas, o que acaba causando um certo impacto emocional para o espectador e que é necessário para as intenções sociais de Briski. Se algumas escolhas dos realizadores soam sentimentais em excesso, também é de se convir que elas são inerentes à própria natureza da obra em questão.

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