Dentro do gênero “documentário sociológico”, “Nascidos em
bordéis” (2004) não chega a ser exatamente um grande marco estético. A
abordagem formal dos diretores Ross Kauffman e Zana Briski é apenas correta, não
apresentando grandes ousadias em sua estrutura narrativa. Por outro lado, é
provável que a intenção principal dos realizadores não estivesse concentrada no
campo artístico – afinal, a própria Briski é uma “personagem” constante em
cena, tendo uma relação emocional direta com as crianças e adolescentes indianos
que são os protagonistas do filme. A real preocupação dela está na denúncia das
condições degradantes em que aqueles indivíduos se encontram e também na
procura de alguma solução para tal problema. Nesse sentido, o estilo de filmar
presente no documentário acaba sendo um complemento adequado para tais intenções
– o registro da obra por vezes é seco e contundente aos expor cenários, situações
e pessoas de um ambiente miserável e sem perspectivas, o que acaba causando um
certo impacto emocional para o espectador e que é necessário para as intenções
sociais de Briski. Se algumas escolhas dos realizadores soam sentimentais em
excesso, também é de se convir que elas são inerentes à própria natureza da
obra em questão.
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