O objetivo do diretor francês Cédric Klaspich na trilogia “O
albergue espanhol” (2002), “Bonecas russas” (2004) e “O enigma chinês” (2013)
era ao mesmo tempo simples e ambicioso: traçar a trajetória pessoal de um punhado
de personagens, mostrando questões como amadurecimento e busca por estabilidade
emocional entre jovens adultos europeus de classe média, com foco principal no
protagonista Xavier (Romain Duris), um aspirante a escritor sempre enrolado em
questões sentimentais. Ocorre, entretanto, que ao observar a obra que dá
conclusão a esse projeto, fica-se com a impressão de que as boas intenções artísticas
do realizador ficaram somente no plano das ideias mesmo. O grande problema do
filme de Klaspich é que sua estrutura narrativa se baseia em uma abordagem um
tanto superficial e banal, que apenas tangencia de forma ligeira o cerne de
situações complexas. Ao invés de optar por uma visão contundente e lúcida sobre
os assuntos centrais de sua temática, o que implicaria numa estética mais
apurada, o cineasta se contenta em formatar tudo como uma comédia romântica
derivativa. É claro que por vezes “O enigma chinês” cativa o espectador pela
comicidade de algumas sequências, além do carisma natural de seu elenco
principal. No geral, entretanto, a trama se desenrola sem o menor traço de tensão
dramática, em que todos os dilemas de seus personagens se resolvem com
facilidade incômoda. O cândido final feliz reservado para Xavier é uma síntese
das escolhas pouco ousadas da produção e da própria trilogia.
Um comentário:
Boa pedida
Postar um comentário