Em linhas gerais, o roteiro de “Corações de ferro” (2014) é
o supra-sumo da reunião de clichês de aventuras situadas na 2ª Guerra Mundial:
um sargento durão (mas, no fundo, com bom coração) comanda um regimento “variado”
de tipos, indo de um religioso de bom senso, passando por um latino
engraçadinho e chegando num cara feioso, sujo e toscão (e, assim como o
referido sargento, com um lado sentimental e bonzinho). Recém chegado a esse
grupo tem um soldado cheio de ideais pacifistas e de forte natureza
contestatória, mas que com o tempo aprende a respeitar seus companheiros e se
torna tão eficiente quanto eles na tarefa de matar nazistas. Depois de passarem
por alguns difíceis percalços em batalhas sangrentas, encontrarão a redenção
num conflito final suicida contra uma tropa gigantesca de alemães, numa carnificina
incessante com direito a lições de honradez e patriotismo e alguns auto-sacrifícios
sangrentos. É claro que o único sobrevivente é o tal do noviço, que por fim
reconhece na totalidade o heroísmo de seus colegas. Sim, isso já foi visto
incessantemente em obras do gênero, mas não é isso que torna o filme do diretor
David Ayer tão frustrante. O problema é que todos esses lugares comuns são
formatados sob uma ótica burocrática e sem inspiração. As situações se sucedem
de forma protocolar e esquemática, com uma encenação que se limita ao
competente. Não há aquele virtuosismo brutal e alucinado de “O resgate do
soldado Ryan” (1998) ou a atmosfera de doentia tensão de “Bastardos inglórios”
(2009). As interpretações canastronas do elenco em geral (com “destaque” para
um Brad Pitt no auge da inexpressividade) são reflexos das concepções nada
ousadas de “Corações de ferro”.
Um comentário:
Brad Pitt somente tem bom desempenho na atuação nas mãos de David Fincher
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