segunda-feira, agosto 08, 2011

A Casa, de Gustavo Hernandez ***



Reduzir “A Casa” (2011) a mero filhote de uma escola de cinema de horror derivado de “A Bruxa de Blair” (1999) seria um tanto impreciso. A referida produção uruguaia navega em águas mais particulares, a começar que utiliza o complicado recurso de filmagem em um take só, sem cortes aparentes. Tal recurso não se vale apenas como um recurso estético, mas também para acentuar um ritmo vertiginoso para a narrativa. Afinal, o tom realista e bucólico do início da trama se converte em questão de minutos em um suspense que oscila entre o real e o sobrenatural, jogando os personagens em um redemoinho de loucura e violência. É de se ressaltar ainda que o diretor Gustavo Hernandez consegue manter um certo cuidado formal na concepção visual do filme, por mais que a câmera trema em algumas seqüências, revelando também um bem elaborado jogo de claro e escuro no filme. “A Casa” também chega a evocar alguns detalhes estéticos que remetem ao movimento Dogma 95, tanto pela utilização da luz quanto a forma com que o som e a música se inserem nas cenas, dando uma sensação de estranhamento ao filme, o que numa obra de terror sempre é bem vindo. A criatividade de Hernandez também se manifesta nos créditos finais, quando uma série de fotos é mostrada e que dá uma ideia das motivações dos personagens. No conjunto geral, todos esses truques narrativos de “A Casa” se mostram eficientes para gerar aquilo que uma obra como essa se propõe: sustos e tensão.

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