Assim como em “Daquele Instante em Diante” (2011), seria fácil confundir o meu apreço por “Filhos de João – O Admirável Mundo Novo Baiano” (2009) com o fato de eu gostar muito dos Novos Baianos. Aquela coisa – “ah, estão falando sobre os caras? Putz, já estou gostando do filme”. Assim como no mencionado documentário sobre Itamar Assumpção, todavia, os méritos da cinebiografia do grupo de Moraes Moreira, Pepeu Gomes e companhia vêm também de suas qualidades cinematográficas. O diretor Henrique Dantas, dentro do clássico formato de combinar imagens de arquivo com depoimentos mais recentes, acerta ao adotar uma abordagem que beira o lúdico, o que acaba se revelando em perfeita sintonia com a própria música festiva dos homenageados. Não à toa, em vários momentos do filme se evoca a figura de crianças, tanto em registros visuais quanto no canto infantil de sucessos como “Preta, Pretinha”. O cineasta consegue ainda traçar uma genealogia da própria trajetória da música brasileira ao tentar explicar a alquimia sonora dos Novos Baianos. Para isso, além de se valer das próprias descrições dos músicos do grupo e de admiradores entusiasmados, Dantas conta com as falas delirantes (e ainda sim tremendamente lúcidas!) de Tom Zé, que na realidade é um dos principais fios condutores da narrativa. O outro elemento que “esclarece” a loucura nova baiana não deu entrevista alguma, mas sua serena sombra paira por toda a produção – simplesmente um tal de João Gilberto... Todos mencionam o genial cantor e violonista como a influência decisiva não só na formatação da música da banda, como naquilo que melhor e mais relevante se fez no nosso cancioneiro nos últimos, pelos menos, 50 anos.
Aliás, o título do documentário não deixa de ser uma profissão de fé assim como uma bela esculachada ao medíocre “Os Filhos de Francisco” (2005). Se neste último a música é vista apenas como uma forma arrivista de ascensão social e econômica, em “Filhos de João” tal arte é encarada como manifestação prazerosa e visceral, uma busca de expressar uma sensação, um sentimento indefinido. Alguns depoimentos emocionados no filme ao se descrever a música e o modo de vida dos Novos Baianos, além é claro de fenomenais números musicais, sublinham esse papel de transcendência da canção brasileira.
Aliás, o título do documentário não deixa de ser uma profissão de fé assim como uma bela esculachada ao medíocre “Os Filhos de Francisco” (2005). Se neste último a música é vista apenas como uma forma arrivista de ascensão social e econômica, em “Filhos de João” tal arte é encarada como manifestação prazerosa e visceral, uma busca de expressar uma sensação, um sentimento indefinido. Alguns depoimentos emocionados no filme ao se descrever a música e o modo de vida dos Novos Baianos, além é claro de fenomenais números musicais, sublinham esse papel de transcendência da canção brasileira.
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