quinta-feira, agosto 11, 2011

Estranhos Normais, de Gabriele Salvatore **1/2



A proposta narrativa de “Estranhos Normais” (2010) é promissora. Usando recursos de metalinguagem, o diretor Gabriele Salvatore estabelece uma trama que se divide em duas, mas sempre tendo como denominador comum o escritor/roteirista Vincenzo (Fabrizio Bentivoglio). Numa delas, o protagonista se encontra em dilemas criativos, em busca de inspiração para um roteiro. Em outra, trata-se da trama criada por ele, onde o mesmo também é personagem. Ao longo do filme, tais planos narrativos se alternam, e elementos da realidade e da obra literária se intercomunicam até chegar a um ponto de impasse. As fronteiras entre tais planos parecem se romper, com os personagens exigindo do escritor uma conclusão satisfatória. O que pareceria um conflito inquietante sobre a relação do artista com a arte que produz acaba se frustrando quando Salvatore recorre a soluções fáceis, tanto no roteiro do escritor quanto na vida concreta do mesmo. Não há maiores espaços para a dúvida, com o diretor se preocupando em amarrar todas as pontas da história. Esse direcionamento convencional e pueril descaracteriza boa parte das concepções estéticas que pontuam ocasionalmente esta produção italiana. No final das contas, não é um filme ruim – só o elenco já seguraria o interesse de “Estranhos Normais” (com destaque para o charme maduro da bela Marguerita Buy). O problema é a impressão de que algo mais ousado ficou pelo caminho.

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