terça-feira, agosto 02, 2011

Stake Land, de Jim Mickle ***1/2



Pode-se dizer que “Stake Land” (2010) é uma verdadeira colcha de retalhos de referências: ficção científica apocalíptica estilo “Mad Max”, vampirismo, crítica social/política metafórica no estilo George Romero em “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968) ou “Madrugada dos Mortos” (1978). O diretor Jim Mickle tem o mérito de combinar com habilidade tais elementos aliado a um afiado senso de ação cinematográfica. Sua encenação não recorre a clichês contemporâneos como câmeras tremendo e cortes excessivos na edição – a narrativa é clássica nos seus enquadramentos e montagem. O apuro formal de Mickle se evidencia no extraordinário plano-sequência do “bombardeio” de vampiros em um acampamento. De se destacar ainda que o roteiro de “Stake Land” apresenta um notável refinamento na crítica ácida que faz de grupos religiosos que utilizam o fanatismo místico como forma de ascensão ao poder político (e também para manutenção do mesmo), o que mostra que a produção em questão está em sintonia com o atual e conturbado momento da política interna dos Estados Unidos. Além disso, a caracterização dos personagens é muito bem delineada, configurando tipos bem carismáticos, com destaque para Mister (Nick Damici), um anti-herói fodão como há muito não se via.

Ainda que a sua trama caia em alguns exageros destoantes no seu terço final, “Stake Land” se revela como um produto bem acima da média do que vem sendo feito no gênero recentemente.

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