Nos últimos anos, dá para dizer que o cinema nacional adotou uma vertente artística de produção até expressiva: os filmes indies. Em comum, tais produções são marcadas por concepções experimentais, referências a um universo bem particular de interesses (músicas, filmes, quadrinhos, livros, etc) e pouca acessibilidade ao grande público. “A Alegria” (2010) é mais uma obra a engrossar suas fileiras, com seus habituais erros e acertos, e que se insere dentro daquele esquema conhecido: a gente pode perceber ideias muito boas, que às vezes encontram boas soluções narrativas, e em outros momentos acabam não vingando na sua concretização. A trama elaborada pelos diretores Felipe Bragança e Marina Meliande trafega por um tênue limite entre a realidade e a fantasia, assim como a encenação busca uma combinação entre o naturalismo e uma linguagem teatral/literária. Se em algumas sequências tal mistura provoca um certo desconcerto perturbador, em outras acaba soando apenas afetado demais, principalmente por certos diálogos existencialistas em excesso proferidos por adolescentes (aquela velha pretensão indie de soar constantemente cool...). Com o desenrolar do roteiro, a ambientação vai ficando ainda mais siderada, com o terço final do filme trazendo seus momentos mais criativos, com destaque para as tomadas em que a protagonista Luiza (Tainá Medina) irrompe para uma nova dimensão. Como saldo final, “A Alegria” traz um resultado irregular, mas bastante instigante.
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