segunda-feira, agosto 20, 2012

Deus da carnificina, de Roman Polanski ***1/2


O fato de Roman Polanski ter adaptado uma peça teatral em “Deus da carnificina” (2011) e de que boa parte do roteiro se desenvolva dentro de um apartamento pode fazer imaginar que a obra em questão se trate de algo na linha teatro filmado. Nada distante mais distante da realidade. A encenação proposta pelo cineasta, assim como o ágil trabalho de edição e fotografia, dão uma dinâmica narrativa bastante cinematográfica e envolvente. A atmosfera criada a partir de um espaço físico limitado e da movimentação de seus atores é sufocante na sua tensão e ironia. Na verdade, o uso de um apartamento como cenário principal não é novidade na filmografia de Polanski., vide produções antológicas como “Repulsa ao sexo” (1965), “O bebê de Rosemary” (1968) e “O Inquilino” (1976), onde o cenário acaba sendo um elemento fundamental para gerar sensações de suspense, horror, loucura e/ou delírio, principalmente pelos climas claustrofóbicos perpetrados por Polanski. Em “Deus da carnificina”, os níveis de tensão não atingem o mesmo grau de impacto dos filmes citados, mas mesmo assim ainda são capazes de gerar um efeito perturbador nas plateias. Contribui para isso também as boas interpretações que Polanski consegue extrair de seu elenco, principalmente por parte de Kate Winslet, que em sua atuação repleta de nuances dramáticas consegue captar com perfeição a síntese do roteiro do filme, em que as noções de aparente civilidade e cultura aos poucos vão se degradando até atingir um tom de fúria e ressentimento.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Boa noite.
Sou do blog cinema cem anos luz. Se puder me acompanhe, abraços.