O fato de Roman Polanski ter adaptado uma peça teatral em “Deus
da carnificina” (2011) e de que boa parte do roteiro se desenvolva dentro de um
apartamento pode fazer imaginar que a obra em questão se trate de algo na linha
teatro filmado. Nada distante mais distante da realidade. A encenação proposta
pelo cineasta, assim como o ágil trabalho de edição e fotografia, dão uma dinâmica
narrativa bastante cinematográfica e envolvente. A atmosfera criada a partir de
um espaço físico limitado e da movimentação de seus atores é sufocante na sua
tensão e ironia. Na verdade, o uso de um apartamento como cenário principal não
é novidade na filmografia de Polanski., vide produções antológicas como “Repulsa
ao sexo” (1965), “O bebê de Rosemary” (1968) e “O Inquilino” (1976), onde o cenário
acaba sendo um elemento fundamental para gerar sensações de suspense, horror,
loucura e/ou delírio, principalmente pelos climas claustrofóbicos perpetrados
por Polanski. Em “Deus da carnificina”, os níveis de tensão não atingem o mesmo
grau de impacto dos filmes citados, mas mesmo assim ainda são capazes de gerar
um efeito perturbador nas plateias. Contribui para isso também as boas
interpretações que Polanski consegue extrair de seu elenco, principalmente por
parte de Kate Winslet, que em sua atuação repleta de nuances dramáticas
consegue captar com perfeição a síntese do roteiro do filme, em que as noções
de aparente civilidade e cultura aos poucos vão se degradando até atingir um
tom de fúria e ressentimento.
Um comentário:
Boa noite.
Sou do blog cinema cem anos luz. Se puder me acompanhe, abraços.
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