Tentar compreender e apreciar “Prometheus” (2012) utilizando
como critério principal o seu roteiro é uma alternativa equivocada. A trama do
filme é o seu grande ponto fraco e também reflete muito dos dilemas criativos
de Ridley Scott ao dirigir o filme. Afinal, a proposta inicial da produção era
funcionar como uma obra que explicasse determinadas situações que levaram à
história inicial de “Alien – O oitavo passageiro” (1979). Lá pelas tantas,
entretanto, Scott resolveu que queria fazer uma ficção científica mais cerebral
e reflexiva, com nítidas influências de “2001 – Uma Odisséia no Espaço” (1968).
Como conciliar duas abordagens tão distintas dentro do mesmo filme? Tal dúvida
acabou gerando um roteiro confuso e com algumas soluções primárias. A forma com
que os aliens são inseridos na história é tão forçada que faz imaginar que
Scott tenha pensado em uma determinada altura: “putz, lembrei, tenho de colocar
um alien nessa história!”. E os minutos finais soam como uma mera desculpa para
dar gancho para a inevitável sequência. Por mais que tais problemas de roteiro
posam incomodar, entretanto, o que prevalece em “Prometheus” é o encanto pela
capacidade narrativa e o deslumbramento visual de diversas partes do filme.
Para fazer a caracterização do planeta onde se desenrola a trama, há uma
complexa e muito bem urdida mescla entre efeitos digitais e paisagens naturais,
resultando na criação de um registro imagético fascinante. Scott cria também
atmosferas insólitas, que variam entre o tom quase surreal e onírico da
abertura com a criação da Terra e momentos de pura tensão e horror (o “parto”
de um bebê alien é uma cena antológica na sua combinação de repulsa e ironia).
As expressivas qualidades de “Prometheus” fazem pensar em
como o filme poderia ter sido ainda melhor se não houvesse as pressões externas
de produtores para que Scott dirigisse uma obra “acessível”, além de sugerirem
que uma possível “versão do diretor”, assim como uma eventual continuação, não
caiam na simples vala do oportunismo de mercado.
3 comentários:
É o filme que mais dividiu opinião, e quando acontece isso, tem coisa boa ai. Eu sou da ala que gostou bastante do filme e por mim uma sequencia não é necessária.
Eu confesso que gostaria de ver uma sequência para o filme. Imagina o que o Ridley Scott deve ter imaginado para caracterizar o planeta dos Engenheiros??
Olá, André!
Gostei do filme e acho que a única falha na obra é na construção dos personagens, que são rasos como pires! Acho a direção de Ridley Scott excelente. Ele é um dos poucos diretores que sabem como dirigir uma ficção cinetífica que não é um blockbuster e nem um filme B, mas sim uma obra "classuda".
Também tenho um blog sobre cinema e ficaria feliz se vc desse uma passadinha por lá: cinemaeprasediverdir.blogspot,com.br
Um abraço!
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