Os primeiros filmes que vi da cineasta dinamarquesa Susanne
Bier, “Corações livres” (2002) e “Brothers” (2004), eram obras bastante
vigorosas, que revelavam influências claras da estética crua e das temáticas
impactantes do movimento Dogma 95, que teve entre seus principais criadores o
irrequieto Lars Von Trier. Com o tempo, entretanto, a diretora foi perdendo o
seu gume cortante de sua abordagem, o que acabou resultando em obras cada vez
mais genéricas e óbvias. “Amor é tudo o que você precisa” (2011) representa a
triste coroação dessa despersonalização do cinema de Bier. A diretora recicla idéias
e concepções já utilizadas em algumas de suas produções anteriores e formaliza
tudo como uma comédia romântica. O resultado é desajeitado e por vezes
constrangedor – aquele registro visual cru e de viés naturalista entra em
descompasso com a narrativa formulaica. É claro que Bier dá uma disfarçada na trama,
colocando uns detalhes um pouco mais insólitos aqui e ali (câncer, homossexualismo),
mas isso não tira os deméritos de um roteiro marcado por incongruências, apelações
e diálogos que beiram o infantil. E ainda tem o “mérito” de extrair uma das
piores atuações da vida de Pierce Brosnan.
Um comentário:
Acho que o grande problema do filme foi ter se alongado demais, principalmente no ato final da trama.
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