Em uma obra cuja temática gira em torno de questões como
gravidez, alcoolismo e relacionamento amoroso instável, há sempre o perigo de
que uma perspectiva de sentimentalismo e de lugares comuns acabe afetando a
narrativa. Pois em “De coração aberto” (2012) a cineasta francesa Marion Lane
se afasta dessas armadilhas a partir de uma abordagem bastante incisiva. Sua
encenação prima pelo visceral – na relação entre o casal de protagonistas
Mila (Juliette Bichoce) e Javier (Edgar Ramirez) também há espaço para a
ternura quanto para uma crueza incômoda. A diretora procura contrastes sutis e
desconcertantes ao concentrar a ação no ambiente asséptico de um hospital de
transplante e no apartamento do casal, local esse último que se deteriora de
forma simultânea à própria relação de Mila e Javier que entra em violenta crise
emocional. O requinte e o rigor na filmagem de operações de transplantes,
explicitando sangues e órgãos, parece aludir à forte carnalidade e à intensidade
na forma com que os personagens principais se relacionam. O formalismo de Laine
apresenta aparentemente uma preferência pelo naturalismo, mas nos momentos
finais do filme é inserida na narrativa uma estética simbolista, entre o onírico
e o delirante, o que aumenta ainda mais o impacto sensorial da obra.
2 comentários:
De uns tempos para cá Juliette Bichoce tem aparecido em todas, sendo que pelo menos uns três filmes com ela são lançados por. Sinceramente não era uma atriz que achava muito talentosa, mas isso mudou,após eu assistir ao seu incrivel desempenho em Copia Fiel.
Eu vi o filme por Edgar Ramirez, maravilhoso ator. É interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção. Gostei muito de Mãos de Pedra elenco faz um ótimo trabalho, não conhecia a história e realmente gostei. Super recomendo.
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