A trama de “Sejam muito bem-vindos” (2011) já foi vista, com
algumas variações, em inúmeras outras produções: um homem maduro em crise e
desiludido que conhece alguém especial (um jovem, uma criança, um idoso), acaba
tendo alguma lição de vida com essa experiência e se torna um ser humano um
pouco melhor. A própria estrutura narrativa do filme em questão, clássica e
linear, não foge muito do padrão tradicional das obras do gênero. É nos
detalhes que o filme dirigido por Jean Becker acaba se sobressaindo. A encenação
traz alguma virulência que soa inquietante para o espectador, além das
abordagens formal e temática apresentarem uma contenção que faz com que não se caia
no sentimentalismo excessivo. O protagonista
Tailandier (Patrick Chesnais) sofre de depressão, sendo que a composição dramática
do personagem é o fiel da balança de “Sejam muito bem-vindos” – a alternância
de reações e o comportamento atribulado de Tailandier criam a empatia necessária
para que o filme se torne consideravelmente crível e convincente.
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