Uma das coisas que mais me agradava em “Distrito 9” (2009), o ótimo filme que
projetou mundialmente o diretor sul-africano Neill Blomkamp, era o visual sujo
e a atmosfera sórdida que permeava sua narrativa. No meio de uma trama de ficção
cientifica de ritmo alucinante, o cineasta também conseguia traçar uma
contundente metáfora para a questão do racismo no mundo. Em “Elysium” (2013),
sua estreia nas produções norte-americanas, pode-se perceber que o gume do seu
cinema perdeu parte considerável do seu corte, ainda que possa se perceber
eventualmente algum traço da sua marca autoral. Num primeiro momento, fica
evidente que Blomkamp cria uma concepção visual na construção visual de um
futuro distópico que procura fugir da assepsia imagética que predomina nas
recentes produções norte-americanas do gênero. Colabora também para isso que a
violência de algumas cenas seja explícita e brutal, dando para o filme um certo
ar de produção B. O grande problema da obra, contudo, está na falta de uma genuína
tensão na narrativa, de um roteiro mais elaborado e menos esquemático, de um
elenco que fuja do padrão piloto automático (com exceção de Wagner Moura, que
por mais over que esteja em alguns momentos, pelo menos oferece uma atuação
mais viva). Do jeito que ficou, a impressão que se tem é que Blomkamp sucumbiu
a pressões parar formatar o seu cinema de acordo com padrões mais palatáveis.
Um comentário:
Eu gostei mais do inicio do filme do que o final
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