A maioria das críticas e comentários que se faz em relação à
“Invocação do mal” (2013) defende que essa produção dirigida por James Wan
representaria um oásis no atual panorama do gênero de horror. Isso porque o
filme não se vale da estética da câmara subjetiva e também por não enveredar
pelos caminhos do horror explícito. Nessa ótica, a obra em questão
representaria uma espécie de volta à essência do terror, enfocando muito mais a
tensão e aquilo que não é visto. Na minha visão isso tudo é um grande exagero,
além de descambar para o reducionismo. O fato de um filme adotar
uma determinada abordagem não quer dizer que necessariamente ele será bom ou não.
Assim como no estilo de câmera subjetiva apareceram algumas produções
relevantes e criativas (“Rec”, “O último exorcismo”) e naquela linha de tripas
e sadismos por vezes surgiram obras de qualidade artística considerável (“Alta tensão”,
“Viagem maldita”, “O albergue”), também ocorreu de que abordagens mais clássicas
trouxessem resultados frustrantes. E nesse último caso, daria para enquadrar “Invocação
do mal”. Dá para dizer que na sua primeira metade o filme até surpreende,
principalmente por um certo virtuosismo de Wan – há planos-sequência realizados
de forma convincente, a edição e fotografia trazem elegância formal. Na metade
final, entretanto, tudo parece se converter num pastiche insosso de “O
exorcista” (1973) e seus derivados. Toda aquele pretensão de sutileza e tensão se
esvai em nome de barulhentos e inócuos sustos, lutas e possessões. Falta a “Invocação
do mal” uma efetiva atmosfera de sordidez e de mistério. Do jeito que ficou,
está mais para as dúzias de produções de horror assépticas que vêm de Hollywood
todos os anos.
Um comentário:
Particularmente gostei bastante, embora o final tenha soado previsivel e redondinho demais.
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