quinta-feira, outubro 17, 2013

Invocação do mal, de James Wan **1/2


A maioria das críticas e comentários que se faz em relação à “Invocação do mal” (2013) defende que essa produção dirigida por James Wan representaria um oásis no atual panorama do gênero de horror. Isso porque o filme não se vale da estética da câmara subjetiva e também por não enveredar pelos caminhos do horror explícito. Nessa ótica, a obra em questão representaria uma espécie de volta à essência do terror, enfocando muito mais a tensão e aquilo que não é visto. Na minha visão isso tudo é um grande exagero, além de descambar para o reducionismo. O fato de um filme adotar uma determinada abordagem não quer dizer que necessariamente ele será bom ou não. Assim como no estilo de câmera subjetiva apareceram algumas produções relevantes e criativas (“Rec”, “O último exorcismo”) e naquela linha de tripas e sadismos por vezes surgiram obras de qualidade artística considerável (“Alta tensão”, “Viagem maldita”, “O albergue”), também ocorreu de que abordagens mais clássicas trouxessem resultados frustrantes. E nesse último caso, daria para enquadrar “Invocação do mal”. Dá para dizer que na sua primeira metade o filme até surpreende, principalmente por um certo virtuosismo de Wan – há planos-sequência realizados de forma convincente, a edição e fotografia trazem elegância formal. Na metade final, entretanto, tudo parece se converter num pastiche insosso de “O exorcista” (1973) e seus derivados. Toda aquele pretensão de sutileza e tensão se esvai em nome de barulhentos e inócuos sustos, lutas e possessões. Falta a “Invocação do mal” uma efetiva atmosfera de sordidez e de mistério. Do jeito que ficou, está mais para as dúzias de produções de horror assépticas que vêm de Hollywood todos os anos.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Particularmente gostei bastante, embora o final tenha soado previsivel e redondinho demais.