Entre o desprezo de boa parte da crítica e a adoração sem
critérios da maioria de nerds e geeks e com o resto do público mais interessado
na pipoca e em mexer no celular, Zack Snyder vai criando escola como diretor “visionário”.
Tanto que o cineasta Noam Murro segue rigorosamente a cartilha de Snyder em “300
– A ascensão do império” (2014). E o professor deve estar orgulhoso, pois a
continuação do primeiro filme de 2007 está no mesmo nível de ruindade. A
encenação é patética – não há sequer um diálogo que não pareça um discurso ou
uma fala empostada. Murro desconhece qualquer senso de sutileza, fazendo com
que tudo tenha de parecer grandioso, arrebatador, épico. O resultado é uma obra
barulhenta, cansativa e que vai do nada para lugar nenhum. Para piorar, suas seqüências
de ação abusam do manjado e tosco recurso da câmara estática, onde a intenção é
emular uma narrativa na linha dos comics, mas que no final fica mais parecendo
uma longa peça publicitária de estética vazia. Isso fica evidente também na
cena de sexo entre Themistocles (Sullivan Stapleton) e Artemísia (Eva Green),
desprovida de qualquer traço de erotismo, com Murro pretendendo fazer uma metáfora
bagaceira sobre a relação de competição e dominação entre as duas personagens
(parece que o cara nunca viu uma cena de sexo num filme). E o fato de Frank
Miller não dar um pio em contrário sequer sobre todas essas atrocidades que
fizeram em cima dos quadrinhos originais que concebeu demonstra como o velho
mestre das HQs está longe de seus dias de gloria.
Um comentário:
Uma continuação desnecessária, já que nem nas HQ houve continuação
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