Na sessão em que assisti a “As aventuras de Peadbody &
Sherman” (2014) acabei tendo uma curiosa constatação – a de que algumas das
principais qualidades do filme passam, num primeiro momento, despercebidas pelas
crianças, seu público-alvo. Digo isso porque em algumas das seqüências mais
engraçadas da animação os pequenos não davam um pio (e o marmanjão aqui dava
umas gargalhadas). Tal “fracasso”, entretanto, não significa necessariamente
que a produção não seja memorável. Muito pelo contrário. É bem provável que
nuances do roteiro acabem se infiltrando nas mentes dos infantes, atiçando a
sua curiosidade para entender as sacadas, referências e citações de teorias
científicas e fatos históricos que pontuam com elegância e sagacidade vários
momentos do filme. Nessa linha de pensamento, também é importante ressaltar a
forma com que a obra do diretor Rob Minkoff trabalha com o recurso do subtexto.
Por trás de uma trama repleta de aventura muito bem dirigida e bom humor
contagiante, há um verdadeiro libelo contra as intolerâncias religiosas e ideológicas:
o cão cientista Peadbody abre a mente de seu filho adotivo humano Sherman para
a beleza da ciência, da História e, por conseqüência, do próprio humanismo. Em
tempos de neo-reaceonarismos místicos e político, a defesa da tolerância e do
conhecimento por parte de “As aventuras de Peadbody & Sherman” acaba soando
definitivamente transgressora.
Um comentário:
Ultimamente tem tido animações dispensaveis demais
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