É evidente que os anos
que se passaram sem o lançamento de algum filme novo do diretor
italiano Bernardo Bertolucci provocaram uma forte expectativa para
“Eu e você” (2012). Ainda mais que a última obra do cineasta
tinha sido o vigoroso “Os sonhadores” (2003). Nessa perspectiva,
a produção mais recente em questão acaba sendo decepcionante – é
provável que seja o pior filme da carreira de Bertolucci. Não há
aquela perturbadora e sexy atmosfera desesperada de “O último
tango em Paris” (1972) ou “O céu que nos protege” (1990), o
rigor estético e emocional de “O conformista” (1970) e “La
Luna” (1979) ou a narrativa juvenil vivaz de “Beleza roubada”
(1996) e “Os sonhadores”. “Eu e você” soa mais como uma
reciclagem de elementos formais e temáticos (incesto, desajuste
juvenil, drogas, trilha sonora pop/rock and roll) que já tinham sido
melhor explorados em produções anteriores. Mesmo assim, está longe
de ser um filme ruim. Bertolucci preserva sua elegância e graça no
filmar, criando algumas sequências memoráveis e extraindo atuações
carismáticas da jovem dupla de protagonistas. Pode parecer pouco
para quem já criou tantas obras-primas cinematográficas, mas ainda
é acima da média em relação ao que tem aparecido nas telas nos
últimos anos.
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