sexta-feira, agosto 29, 2014

Basket Case, de Frank Henenlotter ***1/2

A conjunção entre horror e comédia se deu em vários e diferentes momentos dentro da história do cinema. Mesmo no Brasil tal vertente encontrou espaço, vide algumas pérolas do "terrir" de Ivan Cardoso. É inegável, entretanto, que o diretor norte-americano Frank Henenlotter atingiu um patamar singular nessa combinação. "Basket Case" (1982) é exemplo claro disso. Os efeitos especiais podem parecer precários devido ao orçamento apertado, especialmente na caracterização visual do monstro protagonista, e fazer parecer que o filme seja uma produção trash oitentista qualquer. Com o desenrolar da trama, essa aparente tosquice gráfica acaba se revelando de um impacto imagético impressionante em virtude da criatividade formal de Henenlotter. Por mais que a trama possa ser absurda nos seus exageros melodramáticos e caia no francamente ridículo por vezes, o cineasta estabelece uma constante atmosfera de sordidez e sarcasmo na história de dois irmãos gêmeos ex-siameses (um monstro, outro "normal") que buscam vingança contra os médicos que realizaram a operação que os separaram na infância. Pode-se até rir das bobagens que aparecem no roteiro, mas também há uma tensão efetiva nas cenas de violência sanguinária e dilemas morais dos personagens. Além disso, poucas vezes Nova Iorque teve o seu lado obscuro e decadente tão bem registrado quanto nas tomadas de quartos de hotéis vagabundos e becos sujos que grassam na narrativa de "Basket Case", sendo esse mais um dos fatores que levaram essa produção de Henenlotter a ser tornar uma dos mais cultuados trabalhos da cinematografia independente norte americana dos anos 80.

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