Parece que Paulo Coelho e o pessoal da produção de "Não pare na pista" (2013) confundiram cinebiografia com vídeo institucional de autopromoção. É a única explicação para uma obra de concepção e execução tão equivocada quanto essa. E não adianta o diretor Daniel Augusto tentar engrupir com uma narrativa metida a moderninha ao estabelecer uma narrativa que se alterna em três planos temporais que se desenvolvem de forma simultânea, pois o recurso é nulo na sua falta de capacidade de extrair alguma efetiva tensão dramática - se Augusto tivesse optado por uma tradicional narrativa linear o efeito teria sido o mesmo. O formalismo do filme é mecânico e artificioso ao extremo: roteiro laudatório e sem noção de sutileza, elenco com composições dramáticas que parecem desconhecer nuances, direção de arte burocrática, fotografia de luz estourada e leitosa na linha publicitária. Tais escolhas artísticas desperdiçam o considerável potencial dramático dos fatos históricos que a produção pretendia retratar (Raul Seixas, por exemplo, é mostrado apenas como um bêbado oportunista com algum talento), preferindo se concentrar em manjadas lições de vida de superação ou em mal ajambrados conselhos místicos. Pior ainda: em nenhum momento se tem alguma mostra dos motivos estéticos e existenciais que fizeram da literatura de Coelho uma arte que cativou tantos leitores ao redor do mundo. Do jeito que ficou, "Não pare na pista" mais ficou parecendo uma ode a um barato arrivismo econômico e social, aos moldes do nefasto "Os dois filhos de Francisco" (2005).
Um comentário:
Vc foi um de muitos que falaram mal desse filme
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