Quando o primeiro filme da franquia “Transformers” foi
lançado em 2007, despertou um forte entusiasmo com a forma com que o diretor
Michael Bay conduzia as coisas. A produção tinha aquele pique de aventura
alucinada dos anos 80 (o nome de Steven Spielberg nos créditos não era
gratuito) aliada a efeitos especiais bastantes funcionais para a porradaria
geral entre autobots e decepticons. Mesmo Bay, um diretor dado a exageros de câmeras
tremendo sem parar e edição estilo vídeo-clip, se apresentava mais contido,
respeitando ainda a mitologia dos personagens que havia se estabelecido no
universo das animações televisivas. Assim, era lógico que se criasse uma boa
expectativa para as partes seguintes da franquia. Ocorre que nenhuma das
continuações se apresentou perto do nível alto do primeiro filme. “Transformers
4: A era da extinção” (2014) padece dos principais problemas que já afetavam as
continuações anteriores. Bay opta por uma narrativa sombria, como se quisesse
dar um ar de seriedade legitimadora para o escapismo descerebrado típico da série,
mas a realidade é que essa pretensa abordagem mais “pessimista” cai em excessos
de soluções formais e temáticas formulaicas. Ou seja: nos dois terços iniciais
do filme se vê autobots escondidos e em escasso número sendo perseguidos e
detonados por seus inimigos, para que no terço final venha a sua redenção a
base de pancadaria e lições edificantes de humanismo. As seqüências de ação por
vezes são divertidas, mas não trazem aquela clareza gráfica do primeiro filme –
tudo é meio embolado e apelando para cenas climáticas de forma constante. Na
verdade, os transformers aparecem bem menos que nas produções anteriores,
dando-se uma atenção exagerada para os draminhas insípidos dos personagens
humanos. E talvez esse seja o problema central de “A era da extinção”: uma
falta de foco, em que em um cansativo filme com quase três horas de duração o
espectador fica com a sensação de que personagens e situações foram mal
caracterizadas.
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