sexta-feira, agosto 08, 2014

Grand Central, de Rebecca Zlotowski ***1/2


A diretora francesa Rebecca Zlowowski parece atraída por dicotomias e extremos em “Grand Central” (2013). O filme se formata dentro de um tradicional modelo de melodrama e se diferencia de demais produções do gênero em alguns detalhes formais e temáticos. Apesar da sobriedade de sua atmosfera, caracterizada na trilha sonora de discretas tintas solenes e no conjunto fotografia/edição de talhe clássico, a narrativa vai ganhando no seu decorrer um viés cada vez mais ultra-romântico ao retratar um triângulo amoroso entre funcionários de uma usina nuclear, o que dá ao filme um tom mórbido. À medida que o desejo e o amor do protagonista Gary (Tahar Rahim) por Karole (Léa Seydoux) crescem, ele também vai se tornando mais descuidado em relação às suas perigosas atividades dentro de um reator nuclear. Dessa forma, para ele, ficar perto dela também é se aproximar da morte. Dentro dessa conjunção de amor e morte, Zlotowski contrapõe de forma perturbadora cenários idílicos de relvas verdejantes e lagos límpidos que circundam a usina com o asséptico e desolado interior dessa, como se evocasse tanto o lirismo quanto o lado destrutivo de um relacionamento amoroso. O belo final em aberto de “Grand Central” acentua ainda mais esse caráter atribulado e desesperado do filme.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Infelizmente esse eu ainda não assisti