Dentro da estratégia do estúdio da Marvel, “Guardiões da Galáxia”
(2014) representam um novo e ousado passo. Ao invés dos heróis clássicos
criados por Stan Lee na década de 60, entram em cena personagens obscuros
criados na década seguinte por outros autores (Steve Gerber, Jim Starlin, Bill
Mantlo). Tais escritores e artistas estavam mais em sintonia com um espírito
hedonista e libertário, uma espécie de rescaldo do ideário do período flower
power. A maioria de suas criação se enquadrava em uma encruzilhada que
combinava sátira, misticismo e ficção científica. O cineasta James Gunn,
egresso da escola de escatologia trash dos estúdios de Lloyd Kaufmann e a
diretor de bobagens divertidas como “Seres rastejantes” (2005), entendeu
direitinho esse contexto histórico e existencial e acabou concebendo uma produção
extraordinária na sua combinação de aventura desenfreada e comicidade sagaz.
Tudo aqui parece na medida: personagens ultra-carismáticos, ação dirigida com
muita clareza e inspiração, roteiro sem enrolações e um senso de humor
efetivamente engraçado e irreverente (e não aquelas piadinhas metidas a besta
do último “Homem de Ferro”). Além disso, “Guardiões da Galáxia” faz a delícia
dos apreciadores mais dedicados da Marvel na caracterização fiel e repleta de
boas sacadas de personagens e situações emblemáticas do universo das histórias
cósmicas da editora, em que mesmos personagens secundários na trama como Thanos
e o Colecionador recebem caracterizações dramáticas marcantes.
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