segunda-feira, agosto 11, 2014

Guardiões da Galáxia, de James Gunn ****


Dentro da estratégia do estúdio da Marvel, “Guardiões da Galáxia” (2014) representam um novo e ousado passo. Ao invés dos heróis clássicos criados por Stan Lee na década de 60, entram em cena personagens obscuros criados na década seguinte por outros autores (Steve Gerber, Jim Starlin, Bill Mantlo). Tais escritores e artistas estavam mais em sintonia com um espírito hedonista e libertário, uma espécie de rescaldo do ideário do período flower power. A maioria de suas criação se enquadrava em uma encruzilhada que combinava sátira, misticismo e ficção científica. O cineasta James Gunn, egresso da escola de escatologia trash dos estúdios de Lloyd Kaufmann e a diretor de bobagens divertidas como “Seres rastejantes” (2005), entendeu direitinho esse contexto histórico e existencial e acabou concebendo uma produção extraordinária na sua combinação de aventura desenfreada e comicidade sagaz. Tudo aqui parece na medida: personagens ultra-carismáticos, ação dirigida com muita clareza e inspiração, roteiro sem enrolações e um senso de humor efetivamente engraçado e irreverente (e não aquelas piadinhas metidas a besta do último “Homem de Ferro”). Além disso, “Guardiões da Galáxia” faz a delícia dos apreciadores mais dedicados da Marvel na caracterização fiel e repleta de boas sacadas de personagens e situações emblemáticas do universo das histórias cósmicas da editora, em que mesmos personagens secundários na trama como Thanos e o Colecionador recebem caracterizações dramáticas marcantes.

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