sexta-feira, abril 17, 2015

A cidade cor-de-rosa, de Julien Abraham **


Os filmes mais recentes de Fernando Meirelles podem não ser grande coisa e ele parece que tem se contentado em fazer alguns trabalhos sem grande expressão para a Globo. Mas de algo ele pode ter orgulho: “Cidade de Deus” (2002) se tornou uma espécie de escola estética e temática para algumas produções internacionais. Essa é justamente a impressão que se tem ao assistir ao francês “A cidade cor-de-rosa” (2012). A escolha do cenário para a trama do filme é até natural e se mostra em sintonia com um dos aspectos mais prementes da atual conjuntura social na França: os subúrbios de Paris repletos de imigrantes relegados por políticas conservadoras e com um pé na criminalidade. O diretor Julien Abraham se inspira em vários dos maneirismos formais que Meirelles aproveitou tão bem em sua obra máxima. Só que reproduzir tais truques não implica necessariamente que se terá uma obra satisfatória... Falta para “A cidade cor-de-rosa” uma fluência narrativa mais orgânica, um roteiro menos óbvio e formulaico, uma atmosfera de tensão dramática que cative as plateias. Seu resultado final é uma produção fácil de ver, mas que também é pouco memorável pelas suas soluções artísticas pueris.

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