Os filmes mais recentes de Fernando Meirelles podem não ser
grande coisa e ele parece que tem se contentado em fazer alguns trabalhos sem
grande expressão para a Globo. Mas de algo ele pode ter orgulho: “Cidade de
Deus” (2002) se tornou uma espécie de escola estética e temática para algumas
produções internacionais. Essa é justamente a impressão que se tem ao assistir
ao francês “A cidade cor-de-rosa” (2012). A escolha do cenário para a trama do
filme é até natural e se mostra em sintonia com um dos aspectos mais prementes
da atual conjuntura social na França: os subúrbios de Paris repletos de
imigrantes relegados por políticas conservadoras e com um pé na criminalidade. O
diretor Julien Abraham se inspira em vários dos maneirismos formais que
Meirelles aproveitou tão bem em sua obra máxima. Só que reproduzir tais truques
não implica necessariamente que se terá uma obra satisfatória... Falta para “A
cidade cor-de-rosa” uma fluência narrativa mais orgânica, um roteiro menos óbvio
e formulaico, uma atmosfera de tensão dramática que cative as plateias. Seu
resultado final é uma produção fácil de ver, mas que também é pouco memorável
pelas suas soluções artísticas pueris.
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