Confesso que eu até tinha apreciado os dois filmes
anteriores da franquia. As cenas de dramas pessoais dos personagens eram poucas
e insignificantes (afinal, quem quer saber de densidade psicológica em bobagens
divertidas escapistas?) e o foco principal se concentrava em competentes sequências
de ação exageradas que beiravam o delirante. Claro que não eram nada que
chegassem perto de clássicos oitentistas cascas grossas do gênero ação, mas
mesmo assim deram conta do recado. “Velozes e furiosos 7” (2015), entretanto, não
consegue atingir tal façanha. Pelo contrário: é o pior filme da série por
elevar os piores defeitos da franquia à enésima potência. A produção se
ressente de uma direção preguiçosa: em boa parte da longuíssima metragem da
obra, fica-se com a impressão de se estar assistindo a um bagaceiro e interminável
clip musical de hip hop. Essa má impressão não se apaga com os momentos em que
as perseguições automobilísticas e a porradaria comem solta – são cenas dirigidas
apenas de forma correta e derivativa. Se aquilo que os filmes da série tinham
de melhor se mostram de maneira tão pouco memorável, o que resta para aquilo
que sempre foi considerado ponto fraco na franquia? Ora, o que já era ruim fica
pior ainda. As interpretações do elenco não saem da canastrice ridícula (com
exceção da caracterização cool de Jason Statham), enquanto o roteiro é tão mecânico
nas suas viradas e patético nos seus furos que ressaltam ainda mais os
mencionados aspectos clipeiros fuleiros do filme. No mais, o fato de “Velozes e
furiosos 7” ser esse trem desgovernado talvez seja reflexo da morte de Paul
Walker, impressão essa reforçada pela estapafúrdia conclusão da produção – ao invés
daquele misto de montagem nas coxas e sentimentalismo mórbido barato não seria
melhor ter matado o personagem ou simplesmente colocar um “valeu Paul” no
final?
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