Algumas escolhas formais dos irmãos diretores Benjamin e
Gabe Turner comprometem o documentário “O time de 92” (2013) como narrativa
cinematográfica. Ao mostrar como mote principal da trama a história da turma de
jogadores de futebol formada na categoria de bases do Manchester United, entre
eles o astro David Beckham, que se tornou a base do time campeão de tudo na
temporada 1998/99, era de se esperar que se focasse mais em cenas de arquivo mostrando
algumas das principais partidas do clube naquela época (no caso, boa parte dos
anos 90). Ocorre que a produção acaba dando preferência mais a cenas atuais de
depoimentos dos jogadores em questão, o que por vezes faz com que o filme tenha
um caráter enfadonho no seu excesso de entrevistas (é de causar até surpresa a
verborragia dos atletas). Incomoda também o tom ufanista da abordagem de “O
time de 92” que beira a autoajuda: os protagonistas são retratados como heróis
e símbolos de superação pessoal, além do fato que a Inglaterra daquele período
histórico ser retratada de forma idílica. Ainda assim, o documentário dos irmãos
Turner tem o seu lado cativante. Por mais que haja exageros na forma parcial
com que trata o seu assunto, há um considerável valor histórico e humano na
forma com que a narrativa relaciona o futebol com o momento cultural e político
dominante no Reino Unido dos anos 90. Tanto que a trilha sonora é repleta de
algumas canções antológicas de bandas importantes daquela década como
Charlatans, Stone Roses, Oasis e Radiohead. Além disso, há um bom trabalho de
montagem na maneira com que são editadas as passagens de jogos decisivos do
Manchester, o que torna as coisas por vezes até bem empolgante.
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