Comédia é o gênero cinematográfico menosprezado por
excelência. Com pouquíssimas exceções, raramente filmes no estilo entram nas listas
de melhores de todos os tempos (ou mesmo do ano), recebem indicações para o
Oscar ou mesmo merecem maiores considerações por parte de cinéfilos e público
em geral. Afinal, costumam ser vistas como mera diversão escapista e de caráter
pueril. E é claro que tal concepção é bastante preconceituosa e equivocada. Há
produções cômicas que têm um fator de ousadia artística muito maior que boa
parte de obras dramáticas ditas “sérias” que aparecem nos cinemas. “Debi &
Lóide” (1994), por exemplo, no meio de seus exageros escatológicos, é uma visão
ácida e hilária sobre o típico cidadão medíocre norte-americano. Mas é óbvio,
também, que tem filmes como “Sex tape” (2014) que acabam fazendo jus ao desdém
que se tem com as comédias. O filme de Jake Kasdam até parte de uma premissa
promissora: um típico casal classe média deixa vazar para a internet, sem
querer, um vídeo deles em pleno ato sexual e tem de fazer de tudo para tirar a
gravação da rede. Seria uma oportunidade interessante para se fazer uma gozação
com as hipocrisias e tabus que rondam o sexo na sociedade ocidental. O problema
é que “Sex tape” não dá conta de enveredar por caminhos mais ousados. Por mais
que esboce alguns questionamentos relevantes, o filme se conforma a uma
formatação burocrática e moralista, sendo que o próprio roteiro não sabe muito
o que fazer para desenvolver situações que fujam dos lugares comuns mais
manjados. O resultado disso tudo é uma narrativa apática sem graça e sem tesão.
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