quarta-feira, abril 08, 2015

Sex tape, de Jake Kasdan *


Comédia é o gênero cinematográfico menosprezado por excelência. Com pouquíssimas exceções, raramente filmes no estilo entram nas listas de melhores de todos os tempos (ou mesmo do ano), recebem indicações para o Oscar ou mesmo merecem maiores considerações por parte de cinéfilos e público em geral. Afinal, costumam ser vistas como mera diversão escapista e de caráter pueril. E é claro que tal concepção é bastante preconceituosa e equivocada. Há produções cômicas que têm um fator de ousadia artística muito maior que boa parte de obras dramáticas ditas “sérias” que aparecem nos cinemas. “Debi & Lóide” (1994), por exemplo, no meio de seus exageros escatológicos, é uma visão ácida e hilária sobre o típico cidadão medíocre norte-americano. Mas é óbvio, também, que tem filmes como “Sex tape” (2014) que acabam fazendo jus ao desdém que se tem com as comédias. O filme de Jake Kasdam até parte de uma premissa promissora: um típico casal classe média deixa vazar para a internet, sem querer, um vídeo deles em pleno ato sexual e tem de fazer de tudo para tirar a gravação da rede. Seria uma oportunidade interessante para se fazer uma gozação com as hipocrisias e tabus que rondam o sexo na sociedade ocidental. O problema é que “Sex tape” não dá conta de enveredar por caminhos mais ousados. Por mais que esboce alguns questionamentos relevantes, o filme se conforma a uma formatação burocrática e moralista, sendo que o próprio roteiro não sabe muito o que fazer para desenvolver situações que fujam dos lugares comuns mais manjados. O resultado disso tudo é uma narrativa apática sem graça e sem tesão.

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