O cineasta sul-africano Neill Blomkamp é um caso raro no atual
panorama cinematográfico mundial: é um diretor eminentemente de filmes de gênero,
no caso a ficção científica, cujas produções estão vinculadas a grandes estúdios.
Quando apareceu com o excelente “Distrito 9” (2009), tornou-se um nome
promissor para o cinema fantástico. Suas obras posteriores, “Elysium” (2013) e
esse “Chappie” (2015), entretanto, mostraram-se decepcionantes diante da
expectativa que se criou. Ainda que por vezes derivativas e manjadas, pululam
boas ideias temáticas e sacadas formais em “Chappie”. O roteiro é um compêndio
de premissas e elementos que já vimos em alguns trabalhos clássicos: o futuro
distópico de “Robocop” (1987), os bizarros marginais de “Mad Max 2” (1981), a
rebelião robótica de “O exterminador do futuro” (1984), o andróide simpático e
bonzinho de “Short Circuit” (1986). As referências são espertas e não é demérito
por parte de Blomkamp em reciclar essas referências. O problema é que predomina
no filme uma indecisão criativa que prejudica o ritmo narrativo. Blomkamp é um
cineasta que demonstra um gosto particular por uma certa sordidez estética na
caracterização de personagens, atmosfera e situações, buscando uma certa
ambientação típica de filmes B. Ocorre que tal ousadia artística, nos momentos
mais decisivos de “Chappie”, é minimizada em nome de critérios de
acessibilidade comercial e de questões de “bom gosto”. Ou seja, ele promete
algo de diferente e de perversamente irônico e crítico, mas no final das contas
adere a soluções carentes de pegada mais autoral e vigorosa.
Um comentário:
To devendo para mim mesmo em assistir esse filme. Visitem o meu blog de
cinema:http://cinemacemanosluz.blogspot.com.br
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