quarta-feira, abril 29, 2015

Chappie, de Neill Blomkamp **1/2


O cineasta sul-africano Neill Blomkamp é um caso raro no atual panorama cinematográfico mundial: é um diretor eminentemente de filmes de gênero, no caso a ficção científica, cujas produções estão vinculadas a grandes estúdios. Quando apareceu com o excelente “Distrito 9” (2009), tornou-se um nome promissor para o cinema fantástico. Suas obras posteriores, “Elysium” (2013) e esse “Chappie” (2015), entretanto, mostraram-se decepcionantes diante da expectativa que se criou. Ainda que por vezes derivativas e manjadas, pululam boas ideias temáticas e sacadas formais em “Chappie”. O roteiro é um compêndio de premissas e elementos que já vimos em alguns trabalhos clássicos: o futuro distópico de “Robocop” (1987), os bizarros marginais de “Mad Max 2” (1981), a rebelião robótica de “O exterminador do futuro” (1984), o andróide simpático e bonzinho de “Short Circuit” (1986). As referências são espertas e não é demérito por parte de Blomkamp em reciclar essas referências. O problema é que predomina no filme uma indecisão criativa que prejudica o ritmo narrativo. Blomkamp é um cineasta que demonstra um gosto particular por uma certa sordidez estética na caracterização de personagens, atmosfera e situações, buscando uma certa ambientação típica de filmes B. Ocorre que tal ousadia artística, nos momentos mais decisivos de “Chappie”, é minimizada em nome de critérios de acessibilidade comercial e de questões de “bom gosto”. Ou seja, ele promete algo de diferente e de perversamente irônico e crítico, mas no final das contas adere a soluções carentes de pegada mais autoral e vigorosa.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

To devendo para mim mesmo em assistir esse filme. Visitem o meu blog de
cinema:http://cinemacemanosluz.blogspot.com.br