segunda-feira, agosto 29, 2011

A Árvore da Vida, de Terrence Malick ****



Se a tendência da grande maioria dos cineastas é se tornar mais acessível com o passar dos anos, o contrário ocorre com Terrence Malick. Na sua curta e impactante filmografia, percebe-se que a sua estética se torna mais autoral e radical filme a filme. “A Árvore da Vida” (2011) facilita pouco para aqueles que acham que cinema é a arte de contar uma boa história. A produção mais recente de Mallick parte para uma experiência que é quase que puramente sensorial. Os detalhes da trama se encaixam de uma forma tênue: um homem em depressão, suas reminiscências da juventude, o surgimento do mundo, a evolução do planeta, digressões metafísicas. Talvez o elo que una esses elementos díspares seja mais concreto dentro da cabeça do próprio diretor, mas o subjetivismo visual do que se vê na tela é hipnotizante. Tudo aquilo que compõe o ideário artístico de Mallick está lá de forma ainda mais ostensiva: os enquadramentos inusitados, a narração over de tons elípticos, a narrativa que não obedece a uma ordem cronológica exatamente linear. O que se arma é um quebra-cabeça entre uma história de forte conotação intimista e uma sinfonia épica de sons e imagens. Com o desenrolar do filme, percebe-se que a construção formal não é aleatória – se o que se assiste é um homem olhando para o passado e buscando um sentido para sua vida, num choque entre o natural e o espiritual, entende-se também que tudo adquira um sentido icônico (os pais que parecem seres mitológicos, os diálogos que traduzem conflitos existenciais, a relação de conflitos internos com a própria evolução do planeta Terra). No final das contas, não há respostas prontas dentro dos questionamentos de Mallick, mas a forma como traduz para a linguagem cinematográfica suas dúvidas temáticas e estéticas é avassaladora.

2 comentários:

André Kleinert disse...

E aí Raphael. Valeu pelos elogios. Abraços.

David Cotos disse...

Me gusto la película con el lenguaje visual que nos brindo Malick.