A diretora francesa Rebecca Zlowowski parece atraída por
dicotomias e extremos em “Grand Central” (2013). O filme se formata dentro de
um tradicional modelo de melodrama e se diferencia de demais produções do gênero
em alguns detalhes formais e temáticos. Apesar da sobriedade de sua atmosfera,
caracterizada na trilha sonora de discretas tintas solenes e no conjunto
fotografia/edição de talhe clássico, a narrativa vai ganhando no seu decorrer um
viés cada vez mais ultra-romântico ao retratar um triângulo amoroso entre
funcionários de uma usina nuclear, o que dá ao filme um tom mórbido. À medida
que o desejo e o amor do protagonista Gary (Tahar Rahim) por Karole (Léa Seydoux)
crescem, ele também vai se tornando mais descuidado em relação às suas
perigosas atividades dentro de um reator nuclear. Dessa forma, para ele, ficar
perto dela também é se aproximar da morte. Dentro dessa conjunção de amor e
morte, Zlotowski contrapõe de forma perturbadora cenários idílicos de relvas
verdejantes e lagos límpidos que circundam a usina com o asséptico e desolado interior
dessa, como se evocasse tanto o lirismo quanto o lado destrutivo de um
relacionamento amoroso. O belo final em aberto de “Grand Central” acentua ainda
mais esse caráter atribulado e desesperado do filme.
Um comentário:
Infelizmente esse eu ainda não assisti
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